ES 500 Anos: Um Futuro Sustentável em Construção

A celebração dos 500 anos do Espírito Santo, prevista para 2035, vai além da simbologia histórica: ela é catalisadora de um movimento estratégico de reinvenção do território capixaba. O projeto ES 500 Anos, concebido como um plano de desenvolvimento de longo prazo, articula governo, setor produtivo e sociedade civil em torno de um objetivo comum — criar um estado inovador, sustentável e resiliente. Neste contexto, ganha destaque o Programa Capixaba de Mudanças Climáticas (PCMC), estrutura pioneira no país ao integrar mitigação e adaptação às mudanças climáticas em escala estadual e municipal. Com mais de R$ 2 bilhões já investidos e expectativa de ultrapassar R$ 3 bilhões até 2030, o programa impulsiona iniciativas que vão desde a descarbonização até a elaboração de planos municipais de risco e adaptação, com rigor técnico e amparo científico oferecido pela UFES. Essa atuação estratégica coloca o Espírito Santo na vanguarda do planejamento climático subnacional. A integração entre planos estaduais e municipais — garantida por metodologia padronizada, uso de geotecnologias e sensoriamento remoto — assegura uma leitura territorial apurada, que permite alinhar diagnósticos, ações e investimentos com precisão cirúrgica. Em um cenário onde eventos extremos tornam-se cada vez mais frequentes, essa sinergia é vital para fortalecer a resiliência local e a capacidade adaptativa dos municípios. Inspirando-se em pensadores como Yuval Harari, que destacam o papel do planejamento de longo prazo para a sobrevivência da espécie humana, o projeto ES 500 Anos assume uma abordagem rara em políticas públicas: pensar o futuro com profundidade. Trata-se de um planejamento orientado por missões, que antecipa crises climáticas e sociais, transforma desafios em metas claras e mensuráveis, e utiliza a tecnologia não como fim, mas como meio para proteger pessoas, ecossistemas e modos de vida. Nesse processo, a Comunidade ES500, plataforma digital de participação popular, permite que o planejamento não seja um privilégio técnico, mas uma construção democrática e contínua. É o Estado reconhecendo que a sustentabilidade só é real quando nasce do diálogo entre ciência, gestão pública e saberes locais. O Espírito Santo, assim, projeta-se como um laboratório de políticas climáticas inovadoras no Brasil. Um estado que não espera o futuro acontecer — planeja, antecipa e constrói. Ao fazer do clima um eixo estruturante de seu desenvolvimento, o projeto ES 500 Anos não apenas honra a história capixaba, mas redefine o papel das políticas públicas no enfrentamento da maior crise da contemporaneidade: o colapso ambiental. Neste horizonte, o futuro não é um acaso. É uma escolha. E o Espírito Santo já fez a sua. *Artigo escrito pelo secretário de Estado de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Felipe Rigoni, veiculado no portal de notícias Folha Vitória em 15 de maio de 2025.
O futuro do ES passa pela diversificação da indústria

O desenvolvimento socioeconômico do Espírito Santo começa pela definição do que queremos para o futuro e passa por traçar estratégias para transformar projetos em realidade. E há uma certeza nisso: para avançarmos, será necessário abraçar de vez uma grande oportunidade – diversificar ainda mais a matriz econômica e agregar valor ao que produzimos hoje. Ao longo da história da industrialização capixaba, passamos por diversas fases. Começamos a engatinhar no fim do século XIX, demos os primeiros passos nos anos 1930 e nos firmamos a partir da década de 1960, com a chegada de grandes projetos voltados à exportação. A diversificação industrial, no entanto, é mais recente. Iniciada nos anos 1990, vem crescendo, mas ainda há muito a evoluir. A Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes) vê na diversificação o caminho para uma indústria mais forte e competitiva, com geração de empregos qualificados e aumento de renda. Digo isso porque o setor industrial, hoje, é o que paga a maior média salarial do país. Onde se instala, promove mudanças reais: movimenta fornecedores, impulsiona o comércio, gera empregos diretos e indiretos e contribui com a arrecadação de impostos. Mas, nosso objetivo vai muito além de termos uma indústria diversificada: almejamos ter uma indústria de alto valor agregado. A nossa história foi construída em cima da produção e exportação de commodities, como o café, o minério e o petróleo – que continuam sendo de extrema relevância para o Estado. O desafio é transformar essas e outras riquezas em produtos acabados. Já temos bons exemplos, como as indústrias que produzem papel, café solúvel, ônibus, eletrodomésticos de linha branca, tintas e muito mais. O Espírito Santo tem demonstrado maturidade ao adotar uma visão estratégica para o futuro, e vivemos um momento de convergência de ideias. O plano ES 500 Anos, liderado pelo Governo do Estado, traz entre suas missões a construção de uma economia diversificada, inovadora e sustentável – três pilares essenciais para uma indústria moderna e alinhada às exigências globais. Mas é claro que essa transformação não pode ser construída de forma individualizada. É fundamental que poder público, setor produtivo e sociedade civil estejam unidos e alinhados em torno desse propósito. A iniciativa do ES 500 Anos já conta com a participação do setor produtivo e de representantes da sociedade civil, por meio de contribuições do Espírito Santo em Ação e do Fórum de Entidades e Federações (FEF), do qual a Findes faz parte. Imagine onde podemos chegar se conseguirmos tirar tudo do papel. O Espírito Santo pode se desenvolver social e economicamente com uma indústria mais diversa e de maior valor agregado. Fortalecer a indústria local é, sem dúvida alguma, o caminho que precisamos perseguir. Hoje, somos um dos cinco estados mais industrializados do país, mas temos todo o potencial de sermos o primeiro e fazer do ES, novamente, um bom exemplo para o Brasil. *Artigo escrito pelo presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), Paulo Baraona, veiculado no jornal A Gazeta no dia 11 de maio de 2025.